28/04/2024

Show de Zé Felipe com recursos da educação gera revolta em Manacapuru

         

O anúncio da contratação do cantor sertanejo Zé Felipe para um show em Manacapuru, na Região Metropolitana de Manaus, gerou indignação entre os professores da cidade. O evento, marcado para celebrar o 92º aniversário do município em 15 de julho deste ano, custará aos cofres públicos a quantia de meio milhão de reais (R$ 500.000,00). As informações constam no Diário Oficial Eletrônico da Associação Amazonense dos Municípios do Amazonas.

Segundo o documento oficial, o show foi justificado como uma forma de atender às supostas “necessidades da Secretaria Municipal de Educação e Cultura – SEMEC”. O contrato para o evento, identificado pelo número 005/2024, foi assinado em 22 de fevereiro pelo prefeito Beto D’Ângelo (Republicanos).

A contratação de Zé Felipe foi realizada por inexigibilidade de licitação, dispensando assim a necessidade de concorrência. A empresa beneficiada é a Forvibes Music LTDA, CNPJ 26.940.667/0001-68, gerenciada pelo próprio cantor e por sua mãe, Poliana Rocha, sócia-proprietária da empresa. Veja os documentos que mostram a procedência dos recursos e para onde foram destinados:

Essa revelação provocou a revolta dos professores, que denunciam a falta de assistência para manter os alunos nas escolas, incluindo a ausência de auxílio para custear materiais escolares e investimentos insuficientes na manutenção e construção de novas redes de ensino. Os profissionais da educação manifestam preocupação com o uso inadequado dos recursos destinados à educação pelo prefeito, indicando uma prioridade questionável na gestão dos recursos públicos municipais.

Gasto com show em paralelo a investigação do MP

Na manhã da última terça-feira, 12, o Ministério Público do Amazonas (MPAM), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/CAO-CRIMO) e a 3ª Promotoria de Justiça de Manacapuru, deu início à segunda etapa da operação “Compadrio”. O foco é investigar o desvio de verbas públicas destinadas aos Conselhos de Escolas e às Associações de Pais e Mestres das escolas municipais, em um contexto de corrupção e lavagem de dinheiro.
A investigação apontou uma rede de corrupção na Secretaria de Educação e Cultura de Manacapuru, caracterizada por desvios de fundos do salário-educação para contas de servidores, familiares e terceiros. O esquema era comandado por altos funcionários da Secretaria, configurando uma grave malversação de recursos educacionais.
De acordo com o Coordenador do GAECO, o Promotor de Justiça Igor Starling, está programada a execução de três mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão, com suporte da Polícia Civil do Amazonas e informações técnicas fornecidas pela Controladoria Regional da União no estado. Entre as medidas adicionais, destaca-se o bloqueio de bens dos investigados, que soma mais de quatro milhões de reais, e o afastamento de três servidores de suas funções na Secretaria de Educação e Cultura.
O nome da Operação, batizada de “Compadrio”, é uma alusão à prática de condutas que privilegiam amigos e/ou parentes que são favorecidos de maneira ilegal.

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