Prefeitura de Borba acusada de não receber usina de oxigênio por desavença política
Em um episódio que evidencia o acirramento das tensões políticas em Borba, no Amazonas, os funcionários do Hospital Regional Vó Mundoca se recusaram a receber formalmente a nova usina de oxigênio destinada ao município. Segundo Peter França, representante da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) e do governo estadual, a prefeitura local também dificultou o processo ao não liberar o porto para o desembarque do equipamento. A vereadora Tatiana Franco, em contraste, aceitou o recebimento do equipamento, destacando o impasse político entre o prefeito Simão Peixoto e o governo do Amazonas.
A usina de oxigênio, parte do Programa Saúde Amazonas, visa modernizar e estruturar as unidades de saúde do estado. Com capacidade para produzir 30 metros cúbicos de oxigênio por hora, a usina é projetada para suprir as necessidades do hospital, que possui 53 leitos, além das nove Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município, beneficiando mais de 33 mil pessoas. A SES-AM, com o apoio do Exército Brasileiro, coordenou a logística e o transporte da usina para Borba.
Peter França criticou abertamente a prefeitura por não facilitar a entrega do equipamento essencial. “A prefeitura local não quis liberar o porto para o desembarque da usina de oxigênio, o que é um claro desrespeito às necessidades da população,” afirmou França. O fato de que a vereadora Tatiana teve que intervir e receber o equipamento chama ainda mais atenção para o conflito político.
O prefeito Simão Peixoto, adversário político do governador Wilson Lima, tem um histórico de desentendimentos com o grupo político do governador. Esse conflito chegou ao ponto de Peixoto agredir fisicamente o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Roberto Cidade, um aliado de Lima. A atual rejeição à usina de oxigênio, embora dirigida ao governo estadual, acaba prejudicando a população de Borba, que depende do equipamento para atendimento médico essencial.
A secretária executiva adjunta de Regionalização da SES-AM, Rita Almeida, ressaltou a importância da usina, afirmando que sua instalação tornará Borba autossuficiente na produção de oxigênio, eliminando a necessidade de transportar cilindros de outras cidades ou da capital.
A usina também tem um dispositivo que permitirá fornecer oxigênio a municípios vizinhos, como Nova Olinda do Norte e Novo Aripuanã, ampliando ainda mais seu impacto positivo. No entanto, o desentendimento político entre Simão Peixoto e o governo do Amazonas ameaça comprometer esses benefícios, prejudicando diretamente a população que mais necessita.
Este episódio sublinha a necessidade urgente de se colocar a saúde pública acima das disputas políticas, garantindo que equipamentos essenciais cheguem às comunidades que deles dependem.
*NOTA DE ESCLARECIMENTO*
A Prefeitura de Borba, por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde, vem prestar os seguintes esclarecimentos relativos ao vídeo recentemente veiculado onde o funcionário da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Peter França, acompanhado da vereadora Tatiana Guedes, relatam que houve a recusa de recebimento da entrega da usina de oxigênio no hospital Vó Mundoca, ocorrida na última sexta-feira, 21/06.
Inicialmente, é importante ressaltar que o prefeito Simão Peixoto determinou que o Secretário Municipal de Saúde, Albert Antunes, realizasse o devido recebimento dos equipamentos. O secretário compareceu à balsa do Exército para receber o material e levá-lo até a unidade de saúde.
No entanto, ainda durante o desembarque do equipamento, o funcionário da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Peter França, recebeu uma ligação, onde em seguida informou que tinha ordem expressa para entregar o equipamento somente para os pré-candidatos a prefeito e vice-prefeito do governo do Estado.
Com isso, o secretário de Saúde, Albert Antunes, não pode realizar o devido protocolo de recebimento, em que a assinatura do termo de sessão deve, obrigatoriamente, ser do prefeito, secretário da pasta ou um profissional designado pela gestão municipal.
Devido não poder receber o equipamento, o secretário Albert Antunes retornou para a ação que está sendo realizada pela UBS Igaraçu, que atenderá mais de cinco mil pessoas em 42 comunidades, com a oferta de serviços odontológicos, médicos e laboratoriais.
Ainda de acordo com o secretário de Saúde, na segunda-feira, 24/06, a Prefeitura de Borba irá chamar o funcionário da SES, que se recusou a realizar a devida entrega, para que o equipamento seja entregue seguindo o protocolo para as pessoas que têm a responsabilidade legal para recebê-los.
Em seguida, a Prefeitura de Borba seguirá com o devido procedimento junto à empresa contratada para efetivar a instalação e manutenção do equipamento Esta logística será custeada, exclusivamente, pelo município.
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