Zema nega que ideia de união entre Sul e Sudeste diminua outras regiões
Governador de Minas se justificou após propor que os estados do Sul e Sudeste criem frente de defesa de interesses comuns no Congresso
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), negou que a proposta de união entre os estados do Sul e do Sudeste tenha o objetivo de diminuir a importância das outras regiões do país. Por meio de sua conta no Twitter, neste domingo (6/8), a afirmação veio após Zema ser criticado por propor a criação de uma frente de defesa dos interesses políticos e econômicos do Sul e do Sudeste.
“A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades. A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união”, escreveu.
A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades. A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união.
— Romeu Zema (@RomeuZema) August 6, 2023
A proposta de criação da frente foi apresentada por Zema no sábado (5/8), em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Como justificativa, o governador mineiro defendeu o fato dos estados sulistas e do Sudeste concentrarem cerca de 70% da produção econômica nacional, o que faria com que os sete entes federativos em questão (MG, ES, SP, RJ, RS, SC e PR) tenham maior força política nas discussões no parlamento e consigam maioria de votos no Congresso.
“Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década. Se não você vai cair naquela história, do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento. É preciso tratar a todos da mesma forma. As decisões têm que escutar ambos os lados e o Cossud vai fazer esse papel porque ninguém pode ignorar o peso de expressivo de 256 deputados na Câmara”, propôs Romeu Zema.
Na declaração, o político mineiro citou o Consórcio de Integração Sul e Sudeste (COSUD) como meio para articular os objetivos de defesa dos interesses das duas regiões. A ideia de Zema foi bem recebida pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).
No domingo, Leite publicou um vídeo, nas redes sociais, em defesa da criação da frente: “Trata-se de nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante para os estados do Sul e Sudeste.”
O governador gaúcho, no entanto, rechaçou quaisquer interpretações de que a frente teria o objetivo de diminuir a importância de outras regiões brasileiras. “Entre essas pautas não está discriminar, desunir, desintegrar, nenhuma parte da Federação, porque nós vamos ser todos mais fortes quanto mais formos todos parte de uma só nação.”
“Lampejo separatista”
A proposta de Zema logo foi criticada pelo Consórcio Nordeste, que classificou a ideia como “lampejo separatista”. Segundo o grupo de estados nordestinos, a região é historicamente penalizada por décadas pelos projetos nacionais de desenvolvimento.
“Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”, disse em nota publicada no domingo.
A resposta do Consórcio Nordeste também explica que a união entre as unidades federativas de sua região com as do Norte “não representa uma guerra contra os demais estados da federação”. Segundo o consórcio, a união entre Sul e Sudeste pode representar avanços, desde que haja o compromisso no combate nacional às desigualdades e respeito às diversidades.
Fonte: Correio Braziliense
Foto: Isac Nobrega
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