12/05/2024

Em Manaus, Ministros do Reino Unido e do Brasil, anunciam investimento milionário em pesquisa sobre o futuro da Amazônia

         

Da esquerda para a direita, O ministro do Reino Unido, a Ministra do MCTI e pesquisadores do INPA

Manaus (AM) – 23/05/2023 – A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, e o ministro das Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento do Reino Unido, James Cleverly, visitaram nesta terça-feira (23) a estação de pesquisa do AmazonFACE, a cerca de 80km ao norte de Manaus, onde estão sendo montadas as torres do programa na Floresta Amazônica.
Os resultados obtidos por meio do AmazonFACE estarão na fronteira do conhecimento e serão disponibilizados à comunidade científica internacional para compreender melhor como a maior floresta tropical pode ajudar na mitigação das mudanças climáticas globais, bem como aumentar a acurácia sobre sua vulnerabilidade ao aquecimento global. A iniciativa tem contribuição central para respostas mais apropriadas que ajudem no alcance das metas globais do clima.
Atualmente, o AmazonFACE é o principal projeto de cooperação científica entre os dois países. Uma parceria longeva e alicerçada na competência de produção técnico-científica de brasileiros e britânicos. O Reino Unido é o segundo maior parceiro de ciência e tecnologia do Brasil, sendo que nos últimos sete anos houve cooperação em pelo menos 700 iniciativas bilaterais de pesquisa.

Na ocasião da visita, o chanceler britânico anunciou aporte financeiro no valor de 2 milhões de libras ao programa. Com o valor, o Reino Unido soma 7,3 milhões de libras (R$45 milhões) de apoio ao AmazonFACE desde 2021. O governo brasileiro investiu R$32 milhões por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A liberação dos recursos foi anunciada pela ministra Luciana Santos durante a visita.
As medidas são gestos de fortalecimento da colaboração entre os dois países e demontra o comprometimento em torno da agenda climática, em relação ao cumprimento dos objetivos globais para a proteção do clima e da biodiversidade e para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.
“O AmazonFACE é um projeto que materializa a capacidade de excelência da ciência brasileira de prover evidências científicas e contribuir com o combate às mudanças climáticas. É essa competência que nos coloca como potência científica na América Latina e nos coloca como um importante elo na construção das relações internacionais do Brasil”, afirmou a ministra Luciana Santos.
“Estou feliz em ser o primeiro chanceler britânico a visitar o Brasil depois de tantos anos. Vim aqui para renovar e fortalecer nossos laços. É uma parceria marcada por valores compartilhados, como liberdade, democracia e preocupação com a situação do nosso planeta. Nossa Parceria para o Crescimento Verde e Inclusivo é um símbolo das muitas áreas em que o Reino Unido e o Brasil podem cooperar para o benefício dos nossos povos e do mundo inteiro”, disse o chanceler britânico.
Sobre o AmazonFACE – O AmazonFACE é um programa de pesquisa do MCTI e integra a estratégia da pasta ministerial para desenvolver ciência para/sobre a Amazônia. O programa é coordenado pelos cientistas do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa/MCTI) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em cooperação

internacional com o governo britânico por meio do FCDO e implementado pelo Met Office – o serviço de meteorologia britânico.
O experimento se propõe a responder a seguinte questão global: “Como as mudanças climáticas afetarão a Floresta Amazônica, a biodiversidade que abriga e os serviços ecossistêmicos que ela fornece à humanidade?”. Para isso, o AmazonFACE avalia a capacidade de resposta da floresta tropical a níveis elevados de dióxido de carbono (CO2) e os impactos deste processo para o clima global, a biodiversidade e os ecossistemas. Ou seja, compreender como a floresta vai reagir a esse aumento de concentração de CO2 para medir sua resiliência e entender seu papel dentro do contexto das mudanças climáticas. Esse conhecimento é muito importante para o desenvolvimento de políticas de mitigação.
As simulações dos modelos computacionais climáticos de vegetação nada poderão fazer sem dados de campo que mostrem se esse efeito de fertilização por CO2 de fato existe na Floresta Amazônica, quão forte ele é e quanto tempo vai durar. A informação que será gerada é de grande importância para alimentar esses modelos e oferecer melhores projeções sobre o que vai acontecer com a maior floresta tropical do mundo.
Tecnologia FACE – O experimento utiliza a tecnologia FACE (Free Air Carbon Dioxide Enrichment), ou enriquecimento de gás carbônico ao ar livre, em português. A tecnologia FACE libera ar enriquecido com gás carbônico sobre uma vegetação e monitora suas respostas. Isso vai ajudar a entender como o aumento do CO2 modifica folhas, raízes, solo, ciclo da água e dos nutrientes da Floresta Amazônica. O impacto ao redor da área do experimento na Amazônia será mínimo e todo o carbono liberado será compensado com o plantio de árvores em áreas de fronteira com o desmatamento.

A tecnologia existe desde os anos 1990 e já foi aplicada em projetos em florestas temperadas nos Estados Unidos e na Austrália e no Reino Unido. O AmazonFACE é o único em floresta tropical.
Infraestrutura – Para executar o experimento, estão em construção os anéis (plots) em um território reservado para pesquisa na Floresta Amazônica. Cada anel tem 16 torres de 35 metros de altura e 30 metros de diâmetro, que circundam cerca de 50 árvores adultas. É por meio dessas torres que será liberado o ar enriquecido com CO2. Nelas também serão acoplados sensores de monitoramento que medem a concentração de CO2 no ar. No total, serão seis anéis. Cada anel terá também um guindaste com cerca de 50 metros de altura que permitirá aos cientistas coletarem materiais e observarem o que acontece acima da copa das árvores. A previsão é colocar os seis anéis em operação no início de 2024.
O empreendimento científico tem o desafio de montar a infraestrutura da plataforma de pesquisa com a tecnologia FACE. A iniciativa recuperou 34 km de ramal de acesso à ZF-02 que vai permitir a passagem de veículos, cabos de comunicação, de fibra óptica e instrumental técnico nas áreas de pesquisa do sítio do AmazonFACE.
O programa também estuda as consequências socioeconômicas do aumento do CO2 na atmosfera e avalia como as pessoas percebem as mudanças climáticas e quais estratégias de adaptação elas adotam no cotidiano para lidar com o novo contexto.

Imagem da torre construída no meio da floresta

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